PETIÇÃO PARA A REABILITAÇÃO DE CAPITÃO BARROS BASTO

To: Presidente da Républica, Primeiro Ministro e Assembleia da República Portuguesa

Aos Exmos Senhores,
Presidente da República, Presidente da Assembleia da República e Primeiro-Ministro de Portugal,


Arthur Carlos de Barros Basto foi um valoroso capitão do exército Português que briosamente serviu o país. Na cidade do Porto, foi um dos heróis que hastearam a bandeira da República no 5 de Outubro de 1910.

Barros Basto sempre pautou a sua conduta por elevados padrões morais, o que seria inerente a um condecorado capitão português, nas trincheiras da 1º guerra mundial e bom pai de família.

Qual foi o crime de Arthur Carlos de Barros Basto? Converteu-se ao judaísmo e ajudou centenas de compatriotas a retornarem á fé dos seus antepassados forçadamente convertidos ao catolicismo, ao tempo do Portugal Inquisitorial.

O Estado-Novo perseguiu este homem até lograr expulsá-lo do exército português, ao qual Barros Basto tinha por uma segunda casa.

O processo em causa está cheio de truques e encenações dum estado totalitário que queria a todo o custo denegrir a imagem de um herói da república e judeu.

Hoje, passados tantos anos de democracia e de esforços realizados junto das autoridades políticas e militares de Portugal, ainda não conseguiram lograr a revisão do processo de Arthur Carlos de Barros Basto.

Estes peticionantes não clamam por uma inocência declarada por via administrativa. Pedimos apenas que uma comissão seja nomeada com vista á reanálise do processo, pois temos inteira confiança que este gesto bastará para que as autoridades nacionais possam perceber da inocência do capitão Barros Basto e assim fazerem justiça ao seu nome, carreira e honra.

Num tempo em que ser judeu podia acarretar a morte e a perseguição, Barros Basto jamais aceitou voltar atrás na sua decisão de converter-se ao judaísmo. A liberdade de espírito e de pensamento, pela qual Barros Basto lutou, serão no caso de vossas Excelências aceitarem esta petição, o maior hino à dignidade e aos valores da República que honram servir.


The Reabilitação Capitão Barros Basto Petition to Presidente da Républica, Primeiro Ministro e Assembleia da República Portuguesa was created by Comunidade Israelita do Porto and written by Jorge Neves (jorgeneves@alfandega-filmes.com). This petition is hosted here at www.PetitionOnline.com as a public service.



2007/11/26

Petição Memorial massacre judaico Lisboa 1506
(Online Petition to erect a memorial of the anti-Judaic massacre of Lisbon of 1506)

Date: Sat, 24 Nov 2007 19:04:56 +0000
From: "Jorge Martins" <martinscjorge@gmail.com>
Subject:

Caros/as amigas,
É preciso fazer alguma coisa para que o memorial às vítimas do massacre judaico de Lisboa de 1506 seja erguido no próximo dia 19 de Abril.
Se concordar assine e divulgue: http://www.PetitionOnline.com/samusque/
Cumprimentos,
Jorge Martins.

2007/11/19

Massacre Judaico de Lisboa de 1506-memorial

CAMARA MUNICIPAL DE LISBOA
(For English version see www.friendsofmarranos.blogspot.com)

Proposta n.º 423/2007
(Esta proposta ainda não foi votada)

Pres: António Costa gab.presidente@cm-lisboa.pt

Vereador: José Fernandes jose.sa.fernandes@cm-lisboa.pt

Vereadora: Maria Rosetta gab.cpl@cm-lisboa.pt


Considerando que:

1. No próximo dia 16 de Novembro será assinalado o Dia Internacional para a Tolerância, entendido universalmente, nos termos da declaração de princípios sobre a tolerância adoptada pela UNESCO, não como concessão, condescendência ou indulgência, mas sim como atitude de respeito e de reconhecimento mútuo, animada pelo reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana e das liberdades fundamentais;

2. O Dia Internacional para a Tolerância é uma chamada universal a uma das maiores virtudes da humanidade, consubstanciada no empenhamento activo e na compreensão da riqueza e da diversidade da humanidade;

3. A pedagogia de combate ao racismo, à discriminação, à xenofobia e a todas as formas análogas de intolerância, constitui um eixo fundamental da democracia e da coexistência pacífica entre os povos;

4. No ano de 1506, a cidade de Lisboa foi palco do mais dramático e sanguinário episódio antijudaico de todos os que são conhecidos no nosso território;

5. Durante três dias, 19, 20 e 21 de Abril, estes acontecimentos, que tiveram início junto ao Convento de S. Domingos (actual Largo de S. Domingos), levaram a que cerca de dois mil lisboetas, por mera suspeita de professarem o judaísmo, tivessem sido barbaramente assassinados e queimados em duas enormes fogueiras no Rossio e na Ribeira;

6. Evocar este hediondo crime em que consistiu o massacre de 1506, inscrito numa política de intolerância que, segundo Antero de Quental, contribuiu para a decadência deste povo peninsular, será fazer justiça póstuma a todas as vítimas da intolerância e constituirá uma afirmação inequívoca de Lisboa como cidade cosmopolita, multiétnica e multicultural.


Os vereadores do Partido Socialista, a vereadora Helena Roseta e o vereador José Sá Fernandes, ao abrigo da alínea b) do n.º 7 do art.º 64.º da Lei 169/99 de 18 de Setembro, com a redacção dada pela Lei 5-A/2002 de 11 de Janeiro, têm a honra de propor que a Câmara Municipal de Lisboa, na sua reunião de 31 de Outubro de 2007, delibere:


1. Instalar na cidade de Lisboa um Memorial às Vítimas da Intolerância, evocativo do massacre judaico de Lisboa de 1506 e de todas as vítimas que sofreram a discriminação e o aviltamento pessoal pelas suas origens, convicções ou ideias;
a) O Memorial localizar-se-á no Largo de S. Domingos, deverá ter como elemento central uma oliveira de grande porte e contemplará uma lápide evocativa do massacre judaico de Lisboa de 1506, bem como um arranjo urbanístico da área envolvente, competindo a sua concepção, execução e instalação aos serviços municipais;
b) A inauguração do Memorial terá lugar no dia 19 de Abril de 2008, em cerimónia promovida pela Câmara Municipal de Lisboa, para a qual serão convidadas todas as comunidades étnicas e religiosas da Cidade.



Os Vereadores

2007/11/13

COMUNIDADE ISRAELITA DO PORTO, SYNAGOGUE ACTIVITIES NOV/DEC 2007

FINALMENTE EM CASA
(English version see www.friendsofmarranos.blogspot.com)

Zeev ben Amaral

FINALMENTE EM CASA

www.comunidadeshemaisrael.blogspot.com


Finalmente... sim, finalmente, em casa. Foi a 4 de Novembro de 2007. Um dia inesquecível, o mais importante da minha vida e para a minha família. Não é uma casa qualquer, mas as minhas origens familiares – o povo judeu, Israel e o judaísmo. Uffff, que alívio e quanta alegria...é o mesmo sentimento de um atleta, quando corta a linha da meta...Puxa...cheguei...e para trás ficaram um conjunto de sentimentos, uns de dor, outros de ansiedade, outros de desespero, etc...finalmente consegui. Pois é, foi um percurso de muitos anos, que começou em 1985, aquando da minha primeira ida para Israel, onde permaneci até finais de 1991. Depois foi em Portugal, no ano de 2003. Posteriormente e já neste ano de 2007, tentei em Israel mais uma vez, o meu retorno e finalmente... finalmente... finalmente, uma porte se abriu, em Nova Iorque, nos estados Unidos da América. Esta jornada começa em Israel, mais precisamente em Jerusalem. Eu sou natural de Moçambique, tenho 53 anos, pai de dois filhos adultos. O mais velho chama-se João e é casado com a Elizabeth, uma cidadã americana. O mais novo chama Bruno e é solteiro. Todos residem em londres. Ah, eu sou amigo de um outro Moçambicano, que também reside em Israel, o Avner. Após tentativa desesperada e falhada, de retornar através de uma organização ortodoxa e após mais uma conversa sobre o assunto com o meu amigo Avner (estudante de Yeshiva no Machon Meir - Jerusalem), vem-me á memória o nome do Yaakov Gladstone, residente em Manhattan-Nova Iorque e presidente da “Organização Amigos dos Marranos” (friendsofmarranos@gmail.com) . Esta organização dedica-se a transmissão da educação judaica e também presta ajuda na publicação de histórias ou memórias marranas. Continuando, assim se inicia toda esta minha caminhada, na tentativa de finalizar o meu retorno. Telefono para o Miguel de Belmonte e pergunto-lhe se tem o número de telefone do Yaakov Gladstone. Responde-me, que não, mas que iria entrar em contacto com o Manuel Azevedo, porque este concerteza, que sabe. Para quem não o conhece, o Manuel Azevedo é um marrano, advogado Canadiano, de origem Portuguesa e muito participativo em vários movimentos culturais pró-judaicos e um dos fundadores da organização “ladina”. E assim foi, o Miguel (um membro da comunidade judaica de Belmonte) envia-me um email com o número de telefone do Yaakov. Telefono ao Yaakov Gladstone e peço se lhe seria possível encontrar um rabino interessado em efectuar uma “mitzvah” (quem salva uma alma salva a humanidade). O Yaakov por telefone responde-me, que iria tratar do assunto. E assim foi. Passado alguns dias, o Yaakov manda-me um email confirmando a possibilidade de o meu retorno ser efectuado em Nova Iorque. Estas as palavras no seu email:

Dear Zeev

Rabbi Posner would like to perform the Returning Ceremony on Nov.4, 2 PM. at Temple Emanu El. So please make sure to arrive before that date. Rabbi Posner will be arriving from Israel on Nov. 1. I will invite friends and well wishers for the Ceremony. I learned last night that very close friends of mine, Israelis from Tel Aviv, who are now vacationing in Greece will also be coming to stay with me, either end of Oct. or beginning of Nov. So they too will be invited to the Great Event in your Life and we will all share in your SIMCHA.

Como seria de esperar, telefono ao Avner e contei-lhe a novidade. Eu encontrava-me em Naharyia e o Avner em Jerusalém. Estamos em Outubro de 2007 e eu ansioso por chegar áquele dia 4 de Novembro. Começo a efectuar os preparativos para a minha deslocação a Nova Iorque. Por Internet compro as passagens aéreas e os bilhetes de autocarro. No dia 29 de Outubro, pelas 2 da madrugada, parto de Naharyia de combóio para Tel Aviv – aeroporto Ben Gurion, viagem, que leva cerca de 2 horas. Os combóios são modernos, cómodos e climatizados. Embarco, pelas 6 da manhã, num voo da Israir para o aeroporto de Stanstead, nos arredores de Londres. Fico cerca de 20 horas em Londres na companhia dos meus filhos e nora. Aproveito a ocasião para lhes contar em pormenor todo este processo e toda a carga sentimental e emocional envolvida. Escusado será de referir, que ficaram radiantes e mais, esperançados e convictos. No dia 30, às 9 da manhã tinha de estar no aeroporto, mas como ia num autocarro da National express e tinha havido um grande acidente, o tráfego estava condicionado, e assim perdi o vôo. Paguei mais 95 libras para não perder o bilhete e poder embarcar no dia seguinte. Com esta trapalhada, acabei por ficar 24 horas dentro do aeroporto de Gatwick. Mas ainda bem, pois já no final da madrugada encontro o meu amigo Manuel Azevedo e toca a conversar sobre o seu regresso ao Canada e a minha ida á América. A última vez, que o tinha visto foi num vôo, que ambos fizemos de Lisboa para Londres, penso em Maio e o desembarque neste aeroporto - Gatwick. Em jeito de piada, o Manuel Azevedo diz: para nos vermos é sempre em aeroportos. Embarco de Londres para Nova Iorque via Bermudas. Foi uma viagem fantástica, apesar das 10 horas com a paragem nas Bermudas. Chego finalmente ao aeroporto Kennedy e apanho um autocarro para Manhattan, que me custou $15 e cerca de uma hora. Desço na 40 street e a casa do Yaakov fica entre a 38 street e a 37 street na Lexington Avenue. Razão tinha um amigo meu de Moçambique, que reside e trabalha em Londres, de que em Manhattan os turistas passam a maior parte do seu tempo a olharem para o céu, os arranha-céus são mesmo grandes. Toco á campainha do Yaakov e é uma alegria para ambos. Estamos no dia 31 de Outubro, uma quarta-feira, umas 6 da noite locais. A diferença horária é de -5 horas, que as de Portugal. Tive , a quinta-feira e shabat para me preparar para o domingo. O shabat foi passado na sinagoga. Nestes dias, a ânsia era cada vez maior, pois o grande dia aproximava-se. Finalmente, no domingo, levantei-me cedo para me preparar para a grande e inesquecível festa. Eu e o Yaakov saímos de casa por volta das 12:45, a fim de apanhar-mos um autocarro e depois um outro. E tudo isto leva tempo e nós tinhamos combinado com outras pessoas em encontrarmo-nos á entrada da Sinagoga Templo Emanu El, ás 13:30. Fui todo o tempo a conversar com o Yaakov sobre o solene acto e escusado será dizer-vos, que parecia um vulcão, quase a entrar em erupção. Encontrámo-nos todos, no átrio de entrada do templo e depois de alguma conversa e risos, eis, que chega o rabino DAVID POSNER. O rabino Posner é o responsável pelo Templo Emanu El, Congregação Reformista. Vinha com um sorriso enorme por poder efectuar mais uma grande “mitzva” e agradeceu ao Yaakov esta oportunidade. Anteriormente, o rabino Posner efectuou a cerimónia de retorno de um outro português, o Fernando, que se encontra em Londres. O rabino acendeu as luzes interiores do Templo e que espanto, um Templo lindo, grande de altura, largura e comprimento. Nunca tinha entrado numa sinagoga tão linda, majestosa, imponente, fora do comum. É claro, que eu estava todo orgulhoso, porque até o cenário era tão espectacular...tudo contribuía para a minha fornalha interior aquecer e a pressão aumentar...que alegria interior...mas que princípio de cerimónia. A certo passo, o rabino pede-me para repetir após ele, a seguinte declaração:

No dia 4 de Novembro de 2007 – 23 de cheshvan, de acordo com o calendário tradicional Hebraico, na congregação Emanu El, em Nova Iorque, Zeev Amaral entrou para o histórico pacto entre D`us e o povo de Israel. De sua livre vontade proferiu a seguinte declaração:

Fazendo parte deste pacto eterno entre D`us e o povo Judeu, os filhos de Israel, Eu pronuncio esta afirmação. Eu escolhi por minha livre vontade ser Judeu. Eu aceito o Judaísmo e a exclusão de todas as outras religiões, fés e prácticas e agora afirmo a minha lealdade ao judaísmo e ao povo judeu em qualquer circunstância. Eu prometo estabelecer um lar judaico e participar activamente na vida da Sinagoga e da comunidade Judaica. Eu comprometo-me em ter observância na Torah e nos conhecimentos judaicos. Se for abençoado com crianças, Eu irei educá-las como judeus.

Pronunciei a SHEMA e em seguida, o certificado assinado pelo rabino e três testemunhas, foi-me entregue para eu o assinar. Assim, o fiz. Assinei o certificado com o meu nome Zeev Ben amaral e de seguida o Rabino Posner entregou-me o certificado e diz-me: welcome back to our people. Contive-me emocionalmente, pois o rabino tirou um Sefer Tora da Arca e entregou-me para a segurar para grande satisfação minha, mas também como sinal de compromisso. Segurei a Tora com uma vontade enorme. Aqui, sim, não me controlei e fiquei com um sorriso e uma expressão de contentamento; de orgulho; de dever cumprido; de ter atingido o objectivo; de ter regressado a casa; de me ter reconectado com as minhas raízes; de estar em família novamente; de ter regressado a casa; de pertencer ao povo de Israel; de ter orgulho na minha Tora e poder ser observante; poder usar o meu tefilim, talit e kipa; enfim, de ser judeu. Como todos devem calcular, a alegria é enorme e aquele dia foi o mais intenso e inesquecível da minha vida. Consegui finalmente, reiniciar o trajecto da família materna (Portugal) e paterno (Espanha), no ponto onde a inquisição o tinha abrupto e forçosamente parado. O rumo da minha vida mudou novamente de direcção e desta vez, voltando a integrar o percurso familiar original – o mundo judaico.

*** Quero deixar aqui, uma palavra de apreço e agradecimento ao YAAKOV GLADSTONE, pessoa incansável e indispensável neste finalizar de trajecto - a cerimónia. O meu muito obrigado do fundo do meu coração.

**
Na foto da esquerda para a direita, o rabino Posner, eu e o Yaakov Gladstone.

2007/10/17

LIVROS EM PORTUGAL/ B00KS AVAILABLE IN PORTUGUESE

ÚLTIMOS LANÇAMENTOS EM PORTUGAL EuroEnigma, Lda

Telemóvel: +351 965324201

E-mail: euroenigma@netcabo.pt

Web: www.sefer.com.br

Caro(a) Amigo(a),

Em anexo envio o artigo sobre a Bíblia Hebraica (o nosso Tanach) publicado na edição de Outubro, que está nas bancas, da revista “Os Meus Livros”.

Abaixo envio também alguma informação sobre os últimos lançamentos da Editora que já chegaram a Portugal.


Cordial Shalom,

Ricardo Afonso (Moreno)

ÚLTIMOS LANÇAMENTOS EM PORTUGAL EuroEnigma, Lda

Telemóvel: +351 965324201

E-mail: euroenigma@netcabo.pt

Web: www.sefer.com.br

(Novidades e Reedições)

Dicionário Português-Hebraico / Hebraico-Português

Autor: Abraham e Shoshana Hatzamri

Páginas: 712

3ª-EDIÇÃO - 10.000 exemplares vendidos!
Indica o gênero de cada palavra, para você aprender como flexionar o plural e que adjetivo utilizar. Além disso, indica o feminino e os plurais.
As palavras em hebraico aparecem vocalizadas com pontinhos. No começo do aprendizado, isto é fundamental! Apresenta várias opções de tradução e sinônimos, a exemplo dos melhores e mais modernos dicionários do gênero.
Traz no início da obra uma longa lista de abreviaturas e seus significados.
São mais de 37 mil palavras e expressões idiomáticas, o que o torna o mais moderno já editado.
INDISPENSAVEL PARA O ESTUDO DO HEBRAICO BÍBLICO E MODERNO!

Livro Judaico dos Porquês

Autor: Alfred J. Kolatch

Em linguagem simples e direta, o best-seller escrito pelo rabino norte-americano Alfred J. Kolatch responde a cerca de 500 questões básicas sobre o judaísmo e seus rituais. Ao abordar temas corriqueiros e tratar de assuntos delicados com a mesma clareza e competência, em linguagem acessível a jovens e adultos, tornou-se um livro que vem conquistando de maneira exemplar o intelecto e o coração de leitores judeus e não-judeus ao redor de todo o mundo.
Estão disponíveis também os livros 2º Livros Judaico dos Porquês e Os Porquês da Torá do mesmo autor.

Negócio Fechado
Parábolas da Cultura Judaica e sua Luz sobre a Arte de Vender

Autor: David Gorodovits e Silvio Acherboim

Páginas: 112

Poucas coisas têm tanto em comum quanto o comércio e o povo judeu. Impedidos de trabalhar a terra ou de exercer outras atividades em vários períodos da história, os judeus acabaram por se especializar nessa atividade. Assim, David Gorodovits e Silvio Acherboin tiveram uma idéia: partir das milenares parábolas judaicas para chegar a ensinamentos úteis para a arte da venda. Os autores juntaram suas experiências em campos diferentes - um é divulgador da cultura judaica, outro é especialista em vendas e treinamento de vendedores - para tratar desde temas básicos como O que motiva em vendas até questões existenciais da magnitude de Plano de vida: o seu gerenciamento pessoal .

Leitura agradável e produtiva mesmo para quem não é vendedor do tipo tradicional, afinal estamos sempre vendendo alguma coisa, não é mesmo?

Contos de Tsadikim - Bereshit

Autor: G. Ma Tov

O Talmud ensina que um aluno pode aprender mais das ações de seu mestre do que de suas palavras, pois existem preciosas lições a serem aprendidas dos atos praticados por pessoas boas, os quais fazem as pessoas ao seu redor absorverem os ensinamentos da Torá desses ?anjos que caminham entre os mortais?, como bem ilustra o sábio Chazon Ish.

Este livro é, na verdade, uma arca do tesouro repleta das mais belas histórias do Talmud, do Midrash e de grandes homens através dos séculos. Elas estão repletas da sabedoria da Torá, esse elixir de inspiração que preeenche e dá sentido à vida do povo judeu.

Esta coletânea está dividida de acordo com as leituras semanais da Torá, para que cada Shabat seja enriquecido com histórias fascinantes relacionadas à parashá correspondente. Mas não pense o leitor que poderá ler somente as histórias daquela semana e abandonar o livro até a próxima... Esse é um livro que ? felizmente ? será folheado diversas vezes!

Com linguagem e apresentação adaptadas aos dias de hoje, Contos de Tsadikim já é considerado um best-seller em diversas partes do mundo. Do começo ao fim, enriquece o conhecimento e faz brilhar mais forte a chama da Torá em nossos corações. Que possamos aprender de nossos Tsadikim lições que carregaremos para o resto de nossas vidas, iluminando e indicando o caminho certo a seguir.

Salmos - Com Tradução e Transliteração

Autor: Vitor Fridlin,David Gorodovits, Jairo Fridlin

Páginas: 464

Um trio de 1ª linha uniu esforços para produzir uma obra que alcançou o mesmo êxito dos livros de oração - Sidur e Machzor - editados pela Editora Sêfer, que já superaram a marca de 30.000 exemplares.

Vitor Fridlin, David Gorodovits e Jairo Fridlin apresentam, lado a lado, o texto hebraico dos Salmos (editado especialmente para este fim) e sua transliteração e tradução para o português, com breves introduções antes de cada salmo, para os leitores saberem a que tipo de situação sua leitura é aconselhada.

O livro - argumenta Jairo Fridlin - tem aspectos bastante inovadores: o texto hebraico é muito clean e fácil de ler, a diagramação é clara, leve; a transliteração segue o estilo que consagrou nosso Sidur, mas a tradução é algo especial: abrimos mão da literalidade em prol da clareza e emoção. A linguagem utilizada, literária e até poética, visa exatamente sensibilizar o leitor e transmitir-lhe um pouco do gostinho e da emoção que o texto hebraico há gerações vem transmitindo aos leitores de todo o mundo.

Ler Hebraico em 1 Hora (CD ROM)

Autor: Miriam Paim

CD ROM que ensina a ler em hebraico em lições passo a passo, curtas e objetivas
Desenvolvido especialmente para a língua portuguesa, possobilitará quee você leia as Escrituras a demais textos sagrados no original
Adapta-se para diferentes pronúncias: Sefaradi, Ashkenazi, Chassidi
Ensina a recitar o Cadish de forma interativo
Apresenta as regras de leitura do Sheva
Vocabulário com mais de 60 palavras
Excelente para Bar-Mitzva

Manual de Conversação em Hebraico (com 2 CDs) com Transliteração

Autor: Nira Trumper

Páginas: 160

Este Manual de Conversação em Hebraico - agora com capa dura e formato 17,5 x 13,5 cm - tem por finalidade ajudar estudantes do idioma e turistas em viagem a Israel a lidar com todo tipo de situação da vida cotidiana em Israel. Ao fornecer expressões do idioma hebraico falado - em 3 versões: hebraico, português e na forma transliterada -, ele contribuirá para enriquecer o vocabulário do estudante e dará mais segurança a quem visita Israel, além daquele gostinho todo especial de falar no idioma local - o idioma da Bíblia!

Para facilitar isso, abriu-se mão da "gramática normativa" e optou-se pela maneira de falar atual, para que o estudante ou turista seja ouvido tal qual um israelense - e não como um estrangeiro. Daí a necessidade de se ouvir com atenção os CDs, para se adquirir uma boa e correta pronúncia.

Baruch Habá! Seja muito bem-vindo a Israel e ao idioma hebraico!

Zemirón - com transliteração e tradução resumida - Melodias para a Mesa do Shabat

Autor: Jairo Fridlin

Páginas: 96

Livro em papel couché, com 96 páginas, formato 10,5 x 14 cm, colorido, contendo as rezas e canções da mesa do Shabat, em hebraico, transliteração e tradução resumida.

Este livrinho é apropriado para personalização e distribuição em eventos festivos como Bar e Bat-Mitsvá, Berit Milá e casamento.

2007/10/03

LAURA CESANA


VESTÍGIOS HEBRAICOS EM PORTUGAL--viagem de uma pintora
Jewish Vestiges in Portugal-travels of a painter

Bilingual book by Laura Cesana

Laura Cesana was born in Rome,Italy, spent her childhood in NYC and lives in Portugal. She has had one woman exhibits in Portugal, Italy, France, Luxembourg, U.S.A, Brasil, Hong Kong and Macau.
LAURA CESANA's next exhibition, with the theme Sea and Music will open Fri. Nov. 9, at 21,30 at the Centro Cultural de Cascais. The book is already on sale there. At the same time of the exhibition there will be a 60' video with different phases of Cesana's art work (also some "Jewish phases", of exhibitions in Portugal and Brasil, partly in English). The exhibit will be on till Jan 13th 2008, Tues to Sundays from 10 AM till 18 o'clock. www.lauracesana.com

About the book: it has had different reviews in Portuguese, French, English, Italian...here are some brief abstracts:
--(..) Trata-se assim de uma obra que nos fala da História através da pintura, como da inspiração através da História.""Uma obra extremamente ambiciosa..." Alexandra Luis (Revista Valor)
--"Now along comes an impressive art book by Lisbon painter Laura Cesana (...)" "The book also opens doors to Jewish landmarks in a way not found in the meager guidebooks that tourists usually resort to when they visit Portugal. The Cesana book is written in both Portuguese and English on facing pages. It also has a rich supplement of notes. The text, the photographs of places, objects and her art work are a very sensitive account of a five year search." Kathleen Teltsch (retired journalist of "The New York Times")

--Belissimo ensaio de investigação e objecto de arte (...) oference-nos simultaneamente uma síntese muito equilibrada e rigorosa do passado dos judeus, marranos, e cristãos-novos na nossa pátria (...) e a reprodução dos seus quadros admiráveis, onde aparecem rituais, cenas de culto, objectos sagrados, sempre à beira do mistério, do silêncio, da meditação, do Shabat (...)" Estamos assim perante um livro fora do comum, multiplo e uno, e aé a personalidade de Laura Cesana que lhe oferece essa singularidade." "A edição é bilingue, em português e inglês e incorpora estudos e opiniões de Lima de Freitas, Fernando de Azevedo, Fernando Pernes e outros críticos de arte e escritores." Urbano Tavares Rodrigues (no Jornal das Letras, Artes e Ideias)

--"The artist Laura Cesana presents a rare depiction of the heritage of Portuguese Jewry through history, culture, and art (...) She also remembered to include brief depictions of Portuguese Jewish settlement in Brazil, Amsterdam and New York." "Laura Cesana is unique in that she commemorated little-known segments of Sephardic Portuguese Jewry not only through historical and ethnographic notations, but via original painting. Her Italian and United States background add a new perspective to viewing Portuguese Jewry. (...)" Yitzchak Kerem (editor of "Sepharad")


Laura Cesana

2007/10/01

JEWS IN PORTUGAL LECTURE SERIES IN LISBON
(Republic and Resistance Museum/Library)

WITH PROFESSOR JORGE MARTINS (author of Portugal and the Jews-3 Vol.)


October 3, 18.30- The Jewish Presence in Portugal

October 10, 18.30- Anti-Semitism in Portugal

October 17, 18.30-Filo-Semitism in Portugal

October 31, 18.30-Virtual tour of Jewish Lisbon

2007/09/24

"O Primeiro de Janeiro", Portugal's oldest national newspaper
http://www.oprimeirodejaneiro.pt/?op=artigo&sec=eccbc87e4b5ce2fe28308fd9f2a7baf3&subsec=&id=c816c96b24ae4cc9892a3a94ba3f924b


"O Primeiro de Janeiro", Portugal's oldest national newspaper reports today (September 24, 2007) on the European Day of Jewish Culture held in Porto on September 2, 2007 and the launch of a new book on Barros Basto by Alexandre Teixeira Mendes. In a two page comprehensive article the reporter quotes Yaacov Gladstone and Dr. Harold Michal-Smith of the the American friends of Marranos announcing the mounting of a petition to rehabilitate captain Barros Basto, rabbi Di Martino on Judaism in Portugal, Jorge Neves on the Jewish community of Porto and Ladina, and Alexandre Teixeira Mendes, author of Barros Basto, the Marrano Mirage.


Os guerreiros da luz

O medo instalado durante os séculos que se sucederam às fogueiras da Inquisição ainda hoje se sente nos judeus. E a luta dos marranos pela preservação da identidade também. Aquele sentimento e esta capacidade continuam como marcas evidentes numa comunidade que já abre as suas portas sem medo e tenta lutar pela sua história.

Filinto Melo (textos)

A melhor forma de percebermos os marranos portugueses, enunciada pelo rabino Eliezer Shai, é lembrar a vida nos tempos da ditadura salazarista – as conversas tidas às escondidas dos eventuais bufos, as ideias guardadas no seio da residência e esperando que não houvesse uma invasão de propriedade, a impossibilidade de as pessoas professarem publicamente o que pensavam ou acreditavam – e multiplicar os 48 anos de comportamento temeroso na ditadura “por dez” uma equação cujo resultado será perceber os 500 anos em que os judeus obrigados a converter-se ao cristianismo prosseguiam os rituais da sua religião, a sua cultura e os seus ensinamentos hebraicos às escondidas, dentro de casa, temendo a entrada da turba católica, nunca em público.
Eliezer Shai, italiano de nascimento, o rabino que veio ajudar a dar uma nova vida à comunidade judaica do Porto, explica que esse comportamento “para um outsider, é difícil de aturar; é preciso ter muita paciência e tem de se conhecer bem essa cultura e perceber que viveram 500 anos na escuridão”, diz ao PJ.
A comunidade do Porto, apesar da sinagoga, da judiaria e da sua história recente passou por vários problemas que quase determinaram o seu fim. O culto esteve condicionado aos principais acontecimentos religiosos e era normal a sinagoga estar fechada. Apesar de se dizer que mais de metade da população portuguesa ser descendente de judeus, os praticantes do judaísmo não serão, actualmente, muito mais do que uma centena na região do Porto. Para já. Nos últimos quatro anos, com apoios internacionais e o resgate da obra de Barros Basto, o fundador da comunidade israelita portuense, e grande dinamizador do “regresso à luz do dia” da identidade escondida, a comunidade renasce. A chegada de uma nova Séfer Torá pelo grão rabino sefardita Shlomo Amar à sinagoga Mekor Haim (“Fonte da Vida”) e o início do “caminho regresso” com o rabino Elisha Salas, entretanto sucedido por Eliezer Shai – deram um novo alento à comunidade e ao seu “ressurgimento”, conforme refere Jorge Neves, secretário da direcção da comunidade. “Ainda faltam muitas coisas para que haja uma prática e uma vida judaica em pleno”, prossegue, “mas foram dados muitos passos importantes”.

Abrir a comunidade
No início do mês, e pela primeira vez em Portugal, celebrou-se a Jornada Europeia da Cultura Judaica, coordenada por Jorge Neves. Realizada desde 2004, este ano em 30 países, a jornada visou “abrir as comunidades judaicas de toda a Europa à população” e, no Porto, incluiu uma visita-guiada prolongada à Judiaria Medieval da cidade, à sinagoga erigida em 1939, um almoço marrano, com alheiras, e o lançamento do livro de Alexandre Teixeira Mendes “Barros Basto – A miragem marrana”.
O trabalho desenvolvido no âmbito da Jornada Europeia está ligado à rede de judiarias que há em Espanha, em locais onde se recuperou a memória da presença judaica na península. Essa rede, além de notar a presença dos judeus antes da Inquisição, é um verdadeiro nicho de mercado para o turismo, nomeadamente o chamado “turismo cultural”. Com sede em Girona, na Catalunha, esta rede funciona em locais onde as comunidades judaicas foram, antes da expulsão pelos Reis Católicos, significativas. Em Segóvia, por exemplo, onde nas ruas é imperceptível a presença judaica, há um espaço museológico, uma livraria e uma loja de recordações da velha judiaria. No Porto, onde é ainda notória a presença da comunidade, falta esse espaço, embora haja interesse da Ladina em dar a conhecer este espólio, conforme Jorge Neves, um dos responsáveis da Associação de Cultura Sefardita. Contudo, para isso é necessário que as autarquias se interessem por esse nicho de mercado turístico, em Leiria, Évora, Viana do Castelo, Guarda, Belmonte, Fundão ou Covilhã, e que aproveitem os apoios disponíveis. “O que nos interessa a nós enquanto associação cultural é dar visibilidade a essa tradição”, diz.

Persistência
Mas isso só se consegue quando é contornado o anti-semitismo existente em Portugal. “Não é evidente, esse é mais fácil de combater, é não visível, embora haja lóbis”, defende. “Há muitos poderes instituídos, a nível académico por exemplo, que é difícil de perturbar” e as pessoas “acabam por acreditar que o que ele diz na televisão é que é correcto”. É preciso persistência, anuncia.
E por aí passa a acção da Ladina, uma associação “aberta a todo o tipo de pessoas. Todos que querem dar relevo a esta herança”. Criada para dar outra visibilidade à vida judaica no Porto, a Ladina pretende recuperar além de Barros Basto, os nomes de outros vultos da cultura portuguesa, como Uriel da Costa, um dos grandes pensadores que antecipou Espinoza mas não tem sequer uma placa na cidade “e a nossa função é também restituir essa herança, mas pô-la em acção e em movimento”. E com ele, outros que fazem parte dessa tradição, como Fernando Pessoa (filho de judeu), Camões, Abraão Zacuto, Garcia da Orta, entre outros.

Apoios
Um dos apoios significativos que a associação teve é do grupo American Friends of Marranos, que ajudou à edição do livro sobre Barros Basto e se prepara para definir outros apoios. É o caso da Shavei Israel, com sede em Jerusalém, organização que apoia a presença de um rabino na sinagoga do Porto. Com cem famílias, a comunidade religiosa cresceu em Janeiro com o regresso de 16 marranos “à Casa de Israel” e reconhecidos como judeus por Israel.
Eliezer Shai, o rabino que os conduziu no final desse caminho, defende hoje em dia fortemente a cultura marrana, porque diz que ela ajuda a compreender os portugueses, dos quais está indissociada. “Tive uma dificuldade de perceber essa cultura, esse medo que gerava distância e desconfiança. Só agora, ao fim deste tempo que passei aqui é que começo a perceber melhor”, explica, salientando que esta memória doída não é impeditiva do diálogo inter-religioso, que defende acerrimamente. Agora, diz ao JANEIRO, os judeus portuenses devem “deixar o portuguesismo de lado” e “dar espaço a uma visão mais aberta do mundo, para que essa comunidade cresça”, embora reconheça que isso é difícil. “A inquisição acabou”, sintetiza. Mas deixa o alerta: “Os portuenses tiveram uma comunidade judaica de ouro, que hoje em dia se conhece muito pouco, bem como sobre os judeus em Portugal… e é uma grande pena”.

--------------------------------


O que é
“Marrano”
O rabino Elisha Salas dizia, no primeiro Congresso de Marranos que se realizou no Porto em Abril de 2005, que estimava que os portugueses de origem judaica fossem na ordem dos 60 por cento da população. Marranos, eram e são, os judeus que se viram obrigados a converter-se ao cristianismo para permanecer no país após o édito de expulsão e os seus descendentes. Claro que se a designação se limitar ao que mantiveram as suas práticas religiosas mesmo depois da conversão forçada o número será muito inferior. Mesmo assim, houve um incontável número de famílias que o fizeram, ao longo de séculos, nas cidades ou em comunidades pequenas, como Belmonte, a mais conhecida. Para utilizar termos idênticos, os marranos serão os cristãos-novos forçados que mantiveram as tradições religiosas e culturais que viriam a ser chamadas cripto-judaicas. Já agora, etimologicamente, “marrano” não vem do sinónimo de forma popular castelhano de “porco”, antes é uma aglutinação do hebreu “mar” (“amargo”) e “anus” (“forçado”). Em hebreu moderno, o termo para identificar os marranos é “anussim”. O rabino que veio substituir Elisha Salas na comunidade do Porto, o italiano Eliezer Shai, tem uma visão de quem chega de fora (embora historicamente se reconheça a existência de “anussim” em Itália) de que a cultura marrana é uma das formas essenciais de conhecer a cultura portuguesa. E já deu o exemplo: Em que outra língua do mundo o primeiro dia da semana de trabalho é denominado de “segunda” (segunda-feira)? O que se significaria que o primeiro dia de trabalho seria o domingo cristão e que o dia de descanso seria os sábado (dia de descanso e recolhimento para os judeus).


----------------------------------


Judeus unem-se na reabilitação de um perseguido
Resgate do capitão Barros Basto
Um grupo de estudantes judeus vai reunir-se para fazer um abaixo-assinado que se pretende “enorme” e que será endereçado às autoridades portuguesas no sentido sensibilizar para a reabilitação pública do capitão Barros Basto, uma figura ímpar no Porto do século passado, herói da Primeira República e da Guerra 1914-18, grande obreiro do reconhecimento dos judeus do Porto e dos marranos portugueses e criador das possibilidades de acolhimentos aos que fugiam do Holocausto.
O anúncio da petição foi feito por Yaacov Gladstone da associação American Friends of Marranos durante o Jornada Europeia da Cultura Judaica, no início de Setembro. E esta será uma das formas de recuperar a figura do capitão muito respeitado pelos judeus portugueses, independentemente da comunidade em que se encontram, mas quase completamente desconhecido do resto da população.
Artur Carlos de Barros Basto nasceu em Amarante em 1887. Marrano e neto de marrano, que lhe deu conhecimento da descendência judaica e lhe ensinou a doutrina hebraica. Cumpre o serviço militar em Lisboa, onde tenta frequentar a sinagoga, sendo rejeitado. Republicano, participou no 5 de Outubro, e é um dos heróis da Primeira Grande Guerra, sendo deslocado para a Flandres em 1917, subiu na carreira militar pelos feitos em combate e recebeu várias condecorações – tornando-se capitão em 1918. De novo entra em contacto com a comunidade judia (francesa) e opta por seguir o que lhe foi ensinado pelo avô. Viaja para Tânger onde é admitido na comunidade local, é submetido à circuncisão e recebe o nome hebraico de Abraão Israel Ben-Rosh. É destacado para o Porto onde ocupa um cargo de responsabilidade pública e vem a formar a Comunidade Israelita, em 1923. Tenta que a cidade seja o centro de acolhimento dos marranos (ver coluna). Desdobra-se para construir uma sinagoga e conseguir que as comunidades a Norte (como Belmonte, Guarda e Bragança, entre outras) se organizem.
O trabalho, denominado entretanto de “resgate” – o Resgate dos Marranos, 500 anos depois da Inquisição e da conversão forçada dos judeus – acabou por criar anti-corpos na sociedade. Há padres que protestam contra a construção sinagoga e começam a aparecer as acusações de homossexualismo e relações com menores, crê-se que por Barros Basto estar presente nas cerimónias de circuncisão de jovens judeus. Acaba por ser levado a tribunal e embora a acusações não tenham sido provadas tem um processo idêntico em Tribunal Militar e as acusações, não provadas, são suficientes para que seja afastado do exército. E é esse um dos objectivos da petição que os judeus mais novos deverão iniciar. No início de Setembro, esteve no Porto um conjunto de jovens de vários locais do Mundo que vieram conhecer a judiaria portuense, bem como a Sinagoga e o espaço museológico dedicado à obra de Barros Basto que ela encerra. Não ficaram o tempo suficiente para o lançamento de um novo livro sobre o capitão Barros Basto – que sucede, no propósito de reabilitação do fundador da comunidade israelita do Porto, ao de Elvira Mea e Inácio Steinhardt. “Barros Basto – a Miragem Marrana” foi apoiado pela American Friends of Marranos, a organização que esteve representada pelo fundador, Harold Michal-Smith, e o seu presidente, Yaacov Gladstone, que anunciou a petição.
O livro de Alexandre Teixeira Mendes distingue-se por não ser uma biografia convencional. Conforme afirmou Pedro Sinde na apresentação, “estamos perante uma nova forma de olhar a figura do capitão Barros Basto”, uma “apologia”, de carácter subjectivo, uma forma que “não é muito bem vista pelas academias” embora isso não tenha importância, “porque deste modo, avisados, podemos apreciá-lo melhor, isto é, apreciá-lo em si mesmo, sem corpetes, sem preconceitos que podem ser prejuízos”.
Segundo o filósofo, Alexandre Teixeira Mendes consegue espelhar no livro a alegoria da caverna de Platão: “Durante séculos aprisionados à noite do segredo e do degredo, deliberadamente aprisionados a um culto que não era o seu. Um dos seus – o capitão Barros Basto, Ben-Rosh – libertou-se da caverna e descobriu que a luz lá de fora já não lhes era adversa, vem então avisá-los, chamá-los à luz. Mas o marrano está já demasiado habituado à noite, a noite é o seu dia e, por isso, está relutante em partir. Barros Basto aparece como o modelo do marrano, o herói. Através dele podemos sentir a aspiração de cada marrano, vivendo escondido, mas querendo mostrar-se; desconfiado das instituições, mas querendo voltar a ver a luz do dia, a claridade meridiana. É no momento da libertação de Barros Basto, deixa-nos entrever Alexandre, quando se liberta da caverna, que percebe claramente que há uma identidade marrana, que deve ser preservada, mas que, simultaneamente, o marrano tem de voltar à luz do dia.” O melhor exemplo dessa marca é a sinagoga, uma espécie de farol para os marranos, grandiosa, arquitectonicamente, como que mostrando aos escravos o caminho da luz. Não deixa de ser sintomático que seja chamada a “Catedral do Norte”. E foi feita, como quase toda a sua obra numa época difícil – o projecto da sinagoga deu entrada na Câmara do Porto em 1929, conforme contou ao JANEIRO, Hélder Pacheco, que consultou os dados da autarquia, e foi inaugurada em 1939, no ano em que centenas de sinagogas foram dizimadas pela Europa fora. Jorge Neves, da associação sefardita Ladina, entende mesmo que “o grande drama de Barros Basto e da sua grande obra foi o momento em que apareceu”.
Alexandre Teixeira Mendes confirma que o homem e a sua obra foram vítimas de “uma série de circunstâncias dentro do plano político português e no contexto internacional”. “Se este movimento do Resgate dos Marranos tivesse surgido em plena República, em 1910”, disse a O PRIMEIRO DE JANEIRO, “talvez as coisas fossem um pouco diferentes”; embora se tornasse naturalmente vítima do regime de Salazar, que se impôs em coligação com os sectores mais integristas da Igreja Católica”, apesar de ter uma boa relação com Moisés Amzalak, o presidente da Comunidade Israelita de Lisboa até 1976. Esther Muznik, porta-voz actual dessa comunidade, relembra, no estudo “Os Judeus em Portugal”, como a “rebelião marrana” fez mexer com o regime e com a CIL, dividida em relação ao “apóstolo” dos descendentes dos cristãos-novos.
Os judeus portugueses, e a família de Barros Basto, esperam agora que o exército e o Estado cumpram as promessas feitas e reabilitem o homem que foi condenado injustamente, simplesmente porque era incómodo para o regime fascista. E contam com a ajuda daqueles jovens."



2007/09/20

MARRANO CUSTOMS AT YOM KIPPUR


(official coat of arms)



MARRANO CUSTOMS AT YOM KIPPUR (in 1693)
IN CARÇÃO, TRAS-OS-MONTES, (northern Portugal)

mlopesazevedo

Our dear friend Fernanda Guimarães continues to bring to the light of day the lives of the Marranos of Portugal during the time of the Inquisition. She is one of the few people heroically struggling every day to remind the world of a forgotten people. Unlike the victims of the Holocaust, there are no memorials to honor the victims of the Inquisition, nor is there a day in the Jewish calendar commemorating their plight. As observed by Alexandre Teixeira Mendes in the recent book, "Barros Basto, the Marrano Mirage", Marranos are not only exiles amongst the nations, they are also exiles amongst the Jewish Nation.
Lately, Fernanda has been researching the Inquisition cases of the Marranos of Carção, a small village in the district of Vimioso, in the northern province of Tras-os-Montes (Behind the Mountains) with over two hundred files in the Torre de Tombo, the national archives. Although the (un)Holy office of the Inquisition was a terrifying iron monster, the Inquisitors kept meticulous records, allowing us, four hundred years later to get a a glimpse of the lives of its victims. Everything was recorded by the Inquisition scribes: oral examinations, witness statements, confessions, prison behaviour, and the proceedings themselves. Comprehensive inventories were made of the prisoners' assets. Genealogical inquiries were extensive. Staff doctors were required to be present at all torture sessions, often leaving meticulous observations of each victim. Each file has a surprise: a recipe of a prohibited dish, a Hebrew prayer, the location of a secret cemetery, a victim gone mad, a corrupt official, a connection to the diaspora, a legend or myth, etc . Each case has a unique story, not of an anonymous number, but of a real life drama undiminished by the passage of time.
There was something special about the Marranos of Carção. They were proud of their ancestry and defiant of the Inquisition. The local priest feared they would piss in his "holy wine". They bribed a couple of the Inquisitors. They continued their practices in secret even after fourteen of their own were burned alive in one day by the Inquisition.
For Yom Kippur, "O Dia Grande " (The Big Day), the men were were to abstain from chewing tobacco. Rinsing of the mouth and washing of hands was permitted. Fifteen days prior to Yom Kippur, no meat was to be consumed. At the end of Yom Kippur, the fast was broken with a meal of boiled cod and chick peas, a national staple today.
As Fernanda and other like-minded people work diligently, giving unstintingly of their time to dignify the history of an exiled people, more details will be revealed about their until now mostly obscure lives which will give purpose and meaning to the Marranos of today. We are grateful to all those who refuse to allow the Inquisition to succeed.


(flag)

(seal)

Images provide by Yonatan ben Israel

2007/09/18

PISSARRO IN NEW YORK, PARIS, BRAGANÇA

(see friendsofmarranos blog-click on link)

2007/09/08

EUROPEAN DAY OF JEWISH CULTURE / JORNADA EUROPEIA DA CULTURA JUDAICA

Porto, September 2, 2007
Jorge Neves with Jewish Porto walking tour participants (photo by Celia Maria)

Over 40 people turned up on the morning of September 2, 2007 for a walking tour of Jewish Porto to celebrate European Day of Jewish culture. Following a three hour guided tour by Jorge Neves, the group retired to historic Miragaia, once the home of a thriving Jewish community before 1385, to a lunch of alheiras in honour of the Marranos who were tortured or killed by the (un)Holy office of the Inquisition. The afternoon witnessed a full house at the Kadoorie Mekor Haim synagogue featuring an exhibition at the Barros Basto musuem, short films, and a kosher buffet at the end of the evening. The launch of the new book on Barros Basto by Alexandre Teixeira Mendes took place at 18.30. For further details see www.friendsofmarranos.blogspot.com

2007/08/08

EUROPEAN DAY OF JEWISH CULTURE / JORNADA EUROPEIA DA CULTURA JUDAICA
http://www.jewisheritage.org

BARROS BASTO, THE MARRANO MIRAGE, by Alexandre Teixeira Mendes

A NEW VISION OF THE LIFE AND WORK OF THE APOSTLE OF THE MARRANOS



Official book launch, Sunday, Sept. 2, 2007, 18.30 at Kadoorie Mekor Haim Synagogue, Rua Guerra Junqueiro, 340, Porto, Portugal

BARROS BASTO, THE MARRANO MIRAGE
Alexandre Teixeira Mendes, Ladina Books, Porto 2007


Book Synopsis on Back Cover by Pedro Sinde, philosopher


This book reveals Barros Basto and the Marrano question. Written in a hide
and seek style, it seems to play with the reader, leading him or her to
gradually begin to understand for themselves the author’s thinking. It is not an objective book, in that it is a book with a soul, a passionate book, and impassioned. Only those without a soul are capable of transforming the subject of their study into the object. Alexandre Teixeira Mendes, on the contrary transforms the object of his study into the subject; it is thus that Barros Basto, the Apostle of the Marranos, seems alive, contradictory, honest, a hero that struggled to rescue the Marranos, that is, those Jews who during four centuries concealed themselves, passing and re-creating, from generation to generation, a tradition that could not be expressed in the light of day; night was their day!
We see Barros Basto in the horizon, standing in a struggle against two giants, the Catholic Church and the Jewish “Church”, a David against two Goliaths. We see him give the signal to gather the dispersed ones.
Alexandre Teixeira Mendes does not examine Barros Basto from the outside; he accompanies him in his youth, in his conversion, during the war, in the organization of the mysterious Orymita Institute, in the work of rescue. And we, his readers, accompany him in an unforgettable journey to one of the most important places of the soul of the Portuguese being that only Sampaio Bruno and Antonio Telmo have studied with the same audacity and freedom that we now encounter in the author of this book.

Pedro Sinde



BACK FLYCOVER

It was here, in Lands End, Sefarad, that were mixed some of the most important elements of human knowledge and understanding. We remember the Zohar (The Book of Splendour), the birth of Kabbala, Marrano cryptic poetry and the pastoral novel, the mercantile spirit, popular capitalism, medical research, maritime navigation, and many other cultural and artistic works expressed through such names as Maimonides, Abraão Zacuto, Bernardim Ribeiro, Luís de Camões, Leão Hebreu, Uriel da Costa, Dona Gracia Mendes, Samuel Usque, rabbi Menasseh ben Israel, Espinosa, Amato Lusitano, Pedro Nunes, Garcia de Orta, Michel de Montaigne, Manuel Fernandes Vila Real, António José da Silva, Guerra Junqueiro, Sampaio Bruno, Fernando Pessoa, and more recently Captain Barros Basto.

Ladina, founded in 2004, seeks to promote and divulge our cultural and religious heritage. It aspires to be an instrument of diffusion of Sephardic culture, for it has always been through this that tolerance and “saudades” expressed themselves in a peaceful co-existence with the rest of the people of the peninsula. We named it Ladina with the double intent of remembering a common language of the Sephardic Jews (Ladino) and keeping its semantic significance, a genuine person, pure, and at the same time sagacious, agile and astute. In this way, our objective of dynamization and agglutination of all those who feel themselves to be Jewish, subjected for over 500 years to Inquisitions, forced conversions and other anti-Semitic practices-who yearn to affirm freely, with an inalienable right to practice their religion and freedom of expression of their religious and cultural heritage, free of any restriction or oppression whatsoever.



ABOUT THE AUTHOR, ALEXANDRE TEIXEIRA MENDES (Front Fly cover)

Alexandre Teixeira Mendes (Refojos, Cabeceiras de Basto, 1959)
Poet and Essayist.

Works: Dourada A Têmpera (Lisboa, edições tema, 2000); Do Verbo Escuro ou da pronunciação que não cessa (Lisboa, edições fluviais, 2002); Despre uorbirea oculta sal despre pronuntia care nu inceteaza, Editura NEREAIA NAPOCAE, Cluj-Napoca, 2003; Cegueira do Propício (Lisboa, edições do buraco, 2005); Nom Omnis Confundar (Porto, incomunidade, 2006); Até quando o incêndio em Sepharad (Porto, incomunidade, 2007).

Anthologies: Os Outros, Antologia de Poesia Portuguesa Anos 80 e depois, coordenação, prefácio e notas de Leopoldino Serrão, Editora Ausência, 2004.

Jornalist, “O Primeiro de Janeiro” and “Jornal de Notícias”.

Board member of Ladina - Association of Sephardic Culture Culture, and of AJHLP (Association of Journalists and Men of Letters of Porto).

Edited the book, “Cartas a um jovem pensador “ de Kostas Axelos (Estratégias Criativas, Porto, 1991).

Collaborated in various literary publications, such as “Artes e Letras (Primeiro de Janeiro), “Letras & Letras” , “O Tripeiro” e “Agália” (Santiago de Compostela).

Writes regularly for the following blogs: http://incomunidade.blogspot.com e ainda http://ladina.blogspot.com (Portugal).

Panellist in various Portuguese and Galego-Portuguese conferences. Dedicates himself to the study of Portuguese poetry and philosophy.

2007/08/02

Susana Bastos Mateus and Yaacov Gladstone at the entrance to the Alberto Benveniste Chair of Sephardic Studies at the University of Lisbon

Flight and resistance of the New Christians of Riba-Côa in the 16th and 17th centuries, some examples. (Portuguese text below)

Susana Bastos Mateus, PHD student and lecturer at Alberto Benveniste Chair of Sephardic Studies, University of Lisbon
(translated by mlopesazevedo and alexandre teixeira mendes)

The Jewish presence in the lands of Riba-Côa is well documented throughout the
Medieval period. A good example of this ancient reality is found in Foros de Castelo Rodrigo masterly studied by Luis F. Lindley Cintra. Articulated in this text dating from the XIII century, there are many references to the Jewish presence. Some of the titles include, A Jew who buys fish…To know a Jew…Meat that Jew slaughters. (the latter, referring to the prohibition of selling meat slaughtered by Jews)

With the expulsion of Jews from Castela in 1492, their numbers in this border region must have certainly increased. Maria Pimento Ferro Tavares refers to a significant increase in the Jewish communities throughout the 15th century, preferring the border districts of Beira and between the Tejo and Odiana (p.74).

With the forced conversion of Portuguese Jews during the reign of D. Manuel, this region presented with an elevated number of New Christians, an always fluctuating number due to the great porosity of the border.

The elevated presence of New Christians in this region, many of whom were merchants circulating throughout various localities, including Castela, made this region a target for the tribunal of the Holy office. In this way, similar to the reasoning behind the visit of Jeronimo de Sousa (Inquisition official) in 1583, to Guimarães, Mesão Frio, Vila Real, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta e Mogadouro, the region of Riba-Côa also suffered an inquisitorial visitation by Mateus Pereira da Sá in 1587, traveling to Mata de Lobos, Escarigo, Aldeia da Ponte and Vilar Torpim. Unfortunately, as referred to by Elvira Mea, the documentation of this visitation is very fragmented, which impedes analysis and comparative study. Nevertheless, this inquisitorial action clearly fits in the strategy of the Holy Office to control the more distant territories of the realm, all carried out with the complicitous collaboration of local ecclesiastical authorities.

Already by the middle of the 17th century, this region was again the target of inquisitorial activity. In 1627, Diogo de Sousa visited a larger territory; Viseu, S. Pedro Sul, Trancoso, Pinhel, Almeida, Vilar Torpim and Torre de Moncorvo. Francisco Bethencourt points out the importance of these visitations to the repressive inquisitorial machinery, …now that the “visitadores” no longer limit themselves to covering the principal towns and cities, including in their itineraries the most peripheral villages… (p.6)

What strategies did the New Christians use to guarantee their survival and improve their living conditions in a region such as this, which suffered intense systematic inquisitorial control on one hand , and on the other, pillaging and destruction caused by the wars with Castella, namely the war of Restoration (1640)?

Proximity to the border permitted this community to establish trans-border networks, especially concerning trade. Also, its geographic position unequivocally facilitated the opportunity for escaping. Pilar Huerga Criado studied the relations established in the border region, tracing the footsteps of some of the Portuguese New Christians in Castela. One of his conclusions shows that Portuguese New Christians from Riba-Cõa preferred to establish themselves in Cuidad Rodrigo, which became a base for their commercial activity. A study of the Spanish inquisition archives, especially from the tribunal of Llerena, would allow a better understanding of the lives and social intercourse of these Portuguese New Christians in Castilian territory.

Notwithstanding, the New Christians of Riba-Côa did not limit themselves to crossing the border, their travels show them to be far more varied and ambitious. Their dual objective of fleeing inquisitorial persecution and searching for new opportunities, carried these men and women far a field from their native land.

Through the study of some of the cases from the Tribunal of the Holy Office in Lisbon, we can verify the significant number of individuals from Riba Côa in Brazilian territory. The examples are very diverse, indicating various motives for crossing the Atlantic. Lets examine some cases.

On June 17, 1731, Antonio Rodrigues Campos was reconciled in Lisbon, being a native of the town of Almeida. He lived in a place called Irará, within the limits of the town of Santo Amaro do Porto de Nossa Senhora da Purificação, Archbishopric of Baia. He was married to Leonor Henriques and cultivated “mandioca” (manioc) and tobacco. Also, in 1731, Antonio da Silva was denounced. He had been a resident of Escalhão and had passed through Minas. He was single and certainly had left in search of fortune.

In the first decade of the 18th century, there appears various denunciations against the Nunes de Miranda family. The first members of this family are from Almeida, and the younger generations are already natives of Castelo Rodrigo and Vilar Torpim (as in the cases of the brothers Francisco Miranda and Manuel Nunes Bernal). A significant number of family members are scattered throughout lands of Brazil, in Baia and in Rio de Janeiro. It is a curiosity to discover that some of the denunciations were made by relatives imprisoned by the inquisition in Llerena, which demonstrates well the family dispersion and diversity of travels.

A paradgmatical case is of the businessman Manuel de Albuquerque e Aguilar, imprisoned on November 13, 1731 and who appeared in the auto of July 6, 1732 in Lisbon. He was a native of the town of Castelo Rodrigo and a resident of Minas de Ouro Preto, bishopric of Rio de Janeiro, where he was a major diamond merchant. His example is so significant, due to the large fortune he achieved in Brazil, that it merits its own study. Notwithstanding his vast wealth, his case fits in perfectly in this movement of New Christians from Riba-Côa in flight or in search of new opportunities.




Fugas e resistências dos cristãos novos de Riba-Côa nos séculos XVI a XVIII. Alguns exemplos.

Susana Bastos Mateus

A presença judaica em terras de Riba-Côa está plenamente atestada pela documentação, ao longo de toda a época medieval. Um bom exemplo desta antiquíssima realidade encontra-se nos Foros de Castelo Rodrigo, estudados de forma magistral por Luís F. Lindley Cintra. No articulado deste texto, datado do século XIII, encontramos diversas referências à presença judaica. Vejamos alguns dos títulos: “Judeo que pescado conprare”, “Qui auer conoscir a iudeo” ou “Carne que iudeo matar” (este último, referindo-se à proibição de se vender carne de animais abatidos por judeus nas carniçarias).

Com a expulsão dos judeus de Castela, em 1492, o seu número nesta região tão próxima da fronteira entre os dois reinos terá certamente aumentado de forma muito significativa. De facto, Maria José Ferro Tavares refere um crescimento significativo das comunas ao longo de todo o século XV. Diz esta autora que “(...) a fixação deste povo em território português é, ao longo do século XV, desproporcional, acentuando-se a sua preferência pelos lugares fronteiriços das comarcas da Beira e Entre Tejo e Odiana” (p. 74).

Com o processo de conversão forçada dos judeus portugueses, durante o reinado de D. Manuel, esta região passou a apresentar um elevado número de cristãos-novos, um número que seria sempre muito fluído devido ao elevado grau de porosidade da fronteira.

A elevada presença de cristãos-novos nesta região, muitos dos quais mercadores que circulavam por várias localidades, incluindo em Castela, transformou-a num alvo de alguma importância para o Tribunal do Santo Ofício. Deste modo, na mesma lógica que presidiu à visita de Jerónimo de Sousa a Guimarães, Mesão Frio, Vila Real, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta e Mogadouro, em 1583, também a região de Riba-Côa vai sofrer uma visitação inquisitorial, feita por Mateus Pereira de Sá em 1587, percorrendo as localidades de Mata de Lobos, Escarigo, Aldeia da Ponte e Vilar Torpim. Infelizmente, tal como já foi referido por Elvira Mea, a documentação relativa a esta visita encontra-se muito fragmentada o que dificulta a análise e estudos comparativos. No entanto, esta acção inquisitorial insere-se claramente numa estratégia do Santo Ofício para controlar os territórios mais distantes do reino, tudo efectuado em estreita colaboração com as autoridades eclesiásticas locais.

Já em pleno século XVII, esta região será novamente alvo da actuação inquisitorial. Desta feita, em 1627, Diogo de Sousa visitará uma território mais vasto: Viseu, S. Pedro do Sul, Trancoso, Pinhel, Almeida, Vilar Torpim e Torre de Moncorvo. Francisco Bethencourt salienta a importância destas visitações para o aparelho repressivo inquisitorial, “(...) já que os visitadores não se limitam a percorrer as principais vilas e cidades, incluindo nos seus itinerários as aldeias mais periféricas” (p. 6).

Numa região que, como vimos, sofria de forma sistemática um controlo inquisitorial mais intenso e que, por outro lado, sofreu vários saques e destruições provocadas pelas guerras com Castela, nomeadamente durante a guerra da Restauração, quais eram as estratégias utilizadas pelos cristãos novos para garantirem a sua sobrevivência e para melhorarem as suas condições de vida?

A proximidade da fronteira possibilitou a estas gentes o estabelecimento de redes transfronteiriças, principalmente no tocante ao comércio. Por outro lado, esta situação geográfica, facilitava de forma inequívoca as hipóteses de fuga. Pilar Huerga Criado estudou as relações estabelecidas na zona de fronteira, acompanhando alguns percursos de cristãos novos portugueses em terras de Castela. Uma das suas conclusões mostra a preferência dos cristãos novos portugueses, oriundos de Riba-Côa, em se estabelecerem em Ciudad Rodrigo, passando esta localidade a servir de base às suas actividades comerciais. O estudo dos arquivos inquisitoriais espanhóis, principalmente os do tribunal de Llerena, permitirá conhecer melhor as vivências e as redes de sociabilidade destes cristãos novos portugueses em território castelhano.

No entanto, os cristãos novos de Riba-Côa não se limitaram a passar a fronteira, os seus percursos revelam-se muito mais diversificados e ambiciosos. O seu objectivo duplo de fuga à perseguição inquisitorial e procura de novas oportunidades, levou estes homens e mulheres a destinos muito mais distantes da sua terra de origem.

Através do estudo de alguns processos do Tribunal do Santo Ofício de Lisboa, podemos verificar o número significativo de indivíduos oriundos de Riba-Côa em terras Brasileiras. Os exemplos são muito diversificados, mostrando que várias motivações estiveram na base da travessia do Atlântico. Vejamos alguns casos.

Em 17 de Junho de 1731, era reconciliado em Lisboa, António Rodrigues Campos, sendo originário da vila de Almeida, morava no sítio de Irará, termo da vila de Santo Amaro do Porto de Nossa Senhora da Purificação , Arcebispado da Baía, era casado com Leonor Henriques e dedicava-se ao cultivo da mandioca e do tabaco.

Também em 1731, foi denunciado António da Silva, morador em Escalhão que tinha passado para as Minas, era solteiro e certamente partira em busca de riqueza.

Nas primeiras décadas do século XVIII aparecem várias denúncias feitas contra a família Nunes de Miranda. Os primeiros elementos desta família são oriundos de Almeida, as gerações mais novas já são naturais de Castelo Rodrigo e Vilar Torpim (é o caso dos irmãos Francisco Miranda e Manuel Nunes Bernar). Um número muito significativo de elementos desta família estará espalhado por terras brasileiras, na Baía e no Rio de Janeiro. É curioso verificar que algumas das denúncias foram feitas por familiares presos pela inquisição de Llerena, o que mostra bem a dispersão familiar e a diversidade de percursos.

Um caso paradigmático é o do homem de negócios Manuel de Albuquerque e Aguilar, preso em 13 de Novembro de 1731 e que saiu no auto de 6 de Julho de 1732, em Lisboa. Era natural da vila de Castelo Rodrigo e morador nas Minas de Ouro Preto, Bispado do Rio de Janeiro, onde era um grande comerciante de diamantes. O seu exemplo é tão significativo, dada a grande fortuna que conseguirá alcançar no Brasil, que o merecerá um estudo próprio. No entanto, apesar dessa fortuna, o seu caso inscreve-se perfeitamente nesta movimentação dos cristãos novos de Riba-Côa, em fuga ou em busca de novas oportunidades de vida.


Bibliografia.

Fontes.

A.N.T.T., Inquisição de Coimbra, Livro 662.


Estudos.

BETHENCOURT, Francisco; Inquisição e Controlo Social, separata de História & Crítica, nº14, Lisboa, Junho, 1987.


CINTRA, Luís F. Lindley; A Linguagem dos Foros de Castelo Rodrigo, Lisboa, INCM, [s.d.].


HUERGA CRIADO, Pilar; En la Raya de Portugal. Solidaridad y tensiones en la comunidad judeoconversa, Salamanca, Ediciones Universidad de Salamanca, 1994.


MEA, Elvira Cunha de Azevedo; A Inquisição de Coimbra no século XVI. A Instituição, os Homens e a Sociedade, Porto, Fundação Eng.º António de Ameida, 1997.


NOVINSKY, Anita; Inquisição. Rol de Culpados. Fontes para a História do Brasil (século XVIII), Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, 1992.


SILVA, José J.; Monografia do Concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, Gouveia, 1992.

TAVARES, Maria José Pimenta Ferro; Os Judeus em Portugal no século XV, vol. I, Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, 1982.