INQUISITION, LISBON, A CONFESSION 1662
Inquisition of Lisbon, case no. 7825
António Gomes da Silveira (native of Celorico)
Confession
May 25, 1662
He said that about 20 years ago, in the month of September, (and he said again), that about 22 or 23 years ago, in Celorico, at his father’s house, Fernando da Silveira, deceased, just the two of them, he said to him that he should believe in law of Moses because it was good, and through it he would save himself. And that he should not believe in anything of the law of Our Lord Jesus Christ, that, he the defendant, already knew about that and had knowledge, because at that time, he was 15 or 16 years of age .
And by observing the law of Moses he should believe in a God in heaven, whose name was Adonay, and he should fast on the Great Day, which started a few days after he taught him that,
And not to eat or drink from dusk one day until the night of the next, when there would be stars in the sky.
He recommended to him very much that he should observe the said fast, and also, not to work on that day because it was very holy.
And also that he should fast again in the month of February, which is called Queen Esther, in memory of liberty, through which means the Hebrew people will achieve it.
And this should also be done in the aforementioned form. And also that he should observe the Sabbaths, not to work on them, treating them like holy days,
And that he should celebrate the Easter of the Jews, and this occurs, at the same time as the resurrection, and lasts eight days, and during those days he should eat unleavened cakes,
That he should not eat lard, blood, rabbit, or fish without scales,
And for other matters concerning the law of Moses, he should follow what his mother Branca Henriques tells him,
And his father declared to him that he believed in said law of Moses, and with it he expected to save himself, and in his observance he practiced the aforesaid ceremonies,
Recommending very much to him, the defendant, that he be very secretive, obliging him to do the same under great threats.
Telling him not believe in the law of Christ because the “Promised One”, had yet to come, because God promised it, and he would not fail.
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(Portuguese transcribed from TT archives by Fernanda Guimarães, author of " A Tormenta Dos Mogadouro Na Inquisição de Lisboa", Vega, Lisbon 2009)
Aos 25 Maio de 1662
Confissão
Disse que haverá 20 anos sendo o mês de Setembro e tornou a dizer que haverá 23/ 24 anos, em Celorico, em casa de seu pai Fernando da Silveira, já defunto, e estando ambos sós, lhe disse que havia de crer na lei de Moisés, porque era boa e que nela se havia de salvar, e que não cresse em coisa alguma da lei de Nosso Senhor Jesus Cristo, de que ele confitente já tinha notícia e conhecimento, por ser naquele tempo de idade de 15/16 anos , e por guarda da lei de Moisés havia de crer em um Deus que estava no céu, e que se chamava Adonay, e que havia de jejuar o jejum do dia grande que começava poucos dias depois, que lhe fez aquele ensino, estando sem comer nem beber desde o princípio da noite de um dia até à noite do seguinte, e haver estrelas no céu. Encomendando-lhe muito que observasse o dito jejum, e que também naquele dia não fizesse coisa alguma de serviço porque era muito santo.
E que também havia de fazer outro jejum no mês de Fevereiro, a que chama da Rainha Ester, em memória da Liberdade, que por seu meio se alcançara para o povo Hebreu, e este havia de ser também na sobredita forma, e que também havia de guardar os sábados, não trabalhando neles tratando-os como dias santos, e que havia de festejar a Páscoa dos judeus, e que esta caía no mesmo tempo em que caía a da ressurreição, e durava oito dias, e neles havia de comer bolos asmos, e que não havia de comer toucinho, sangue, coelho, nem peixe sem escama, e que no mais tocante à lei de Moisés seguisse o que lhe dissesse a sua mãe Branca Henriques. E o dito seu pai lhe declarou que cria na dita lei de Moisés e nela esperava salvar-se, e por sua guarda fazia as sobreditas cerimónias, encomendado a ele muito , a ele confitente, que naquilo tivesse muito segredo, obrigando-o que assim fizesse com grandes ameaços.
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Dizendo-lhe que não cresse na lei de Cristo porque ainda havia de vir o prometido, que Deus prometera e que não havia de faltar.