2011/10/16


PROFESSOR NATHAN WACHTEL OF COLLEGE OF FRANCE SPEAKS ON MODERNITY,  MARRANOS AND THE INQUISITION IN NORTHEASTERN BRAZIL

Atividades da Cátedra Claude Bernard, com o professor Nathan Wachtel
14/10/2011 (14:00) - 20/10/2011 (15:30)
Sala Evaristo de Morais (109) do Campus do Largo de São Francisco - São Paulo
O Consulado da França no Rio de Janeiro, o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais e o Instituto de História da UFRJ, representados pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia - PPGSA e pelo Programa de Pós-graduação em História Social - PPGHIS, convidam para as atividades da Cátedra Claude Bernard ocupada por Nathan Wachtel, professor do Collège de France.

Sexta-feira, 14 de outubro, às 14 horas: conferência "Modernidades: marranismo e Inquisição".
Terça-feira, 18 de outubro, às 14 horas: entrevista dirigida por professores do PPGSA e do PPGHIS, com a participação de professores e alunos.
Quinta-feira, 20 de outubro, às 14 horas: workshop com a participação de alunos do PPGSA e do PPGHIS.

As atividades acontecerão em português, com a participação de professores e abertas a ouvintes.



O termo “marrano” – denominação injuriosa conferida aos judeus na Espanha –
acabou sendo incorporado pela historiografia, designando os judeus da
península ibérica que foram expulsos ou obrigados a se converter ao
catolicismo (os chamados cristãos-novos) nos séculos 16 e 17. Muitos
buscaram refúgio nas colônias americanas de Portugal e Espanha, sobretudo no
México, Brasil e Peru.

Há cerca de seis anos, especialmente no Nordeste do Brasil, houve um momento
de “retorno” ao judaísmo por parte de pessoas que dizem ser descendentes de
cristãos-novos do período colonial. Muitas delas traçam extensas
genealogias, facilmente remontando ao século 18. Essas famílias, cristãs,
mantêm até hoje costumes de respeito a proibições alimentares, luz de vela
nas sextas-feiras à noite, leitura apenas do Velho Testamento e ritos
funerários específicos, entre outros. Esses elementos levaram o pesquisador
a perceber que, de maneira consciente ou inconsciente, esses grupos
preservavam uma memória marrana.

Entre memória e esquecimento, Wachtel percebe ao longo do tempo
representações tanto positivas quanto negativas em torno da herança judaica:
a lembrança e veneração dos mártires; a recusa dos ancestrais que lhes
transmitiram sangue impuro. Assim, a memória marrana compõe-se de um duplo
movimento: de um lado, a fidelidade perseverante; de outro, a vontade de
fusão e busca do esquecimento, sem que isso signifique desaparecimento total
da memória. O Brasil ofereceu e oferece condições favoráveis para ambos os
fenômenos.

Preocupado com essas questões, Nathan Wachtel tem concentrado seus estudos
na região do sertão, especialmente, em Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do
Norte. Visa a reconstruir laços entre o passado e o presente, combinando
problemáticas e métodos tanto da história como da antropologia.

Trabalha também por meio da perspectiva comparativa. Em pesquisa anterior,
analisou a evolução da comunidade mexicana Venta Prieta, próxima do Pachuca,
México, na qual os membros, como os brasileiros, clamavam ser descendentes
de “cristãos-novos” do período colonial.

Nathan Wachtel é professor de história e antropologia das sociedades meso e
sul-americanas do Collège de France desde 1992 e diretor de pesquisa da
École de Hautes Études em Sciences Sociales-EHESS de Paris desde 1976.
Também é autor de vários livros, entre eles: *La Vision des Vaincus – Les
Indiens du Pérou devant la Conquête Espagnole* *(1530-1570) *(1971); *Mémoires
Juives* (1986); *Deuses e Vampiros – De Volta a Chipaya* (1994, em
português); *A Fé na Lembrança. Labirintos* *Marranos *(2003, em
português); *La Logique des Bûchers* (2009, Prix Guizot de l'Académie
Française).

A palestra será realizada 21 de outubro, às 19 horas, na Biblioteca Mário
de Andrade. O evento é gratuito e haverá entrega de certificados.

Após a apresentação em São Paulo, o professor também fará a conferência
“Memórias Marranas” em Caxambu, Minas Gerais, 26/10, na 35ª Reunião Anual da
Anpocs, Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais.

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Prof. Dr. Renato Athias
Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade
Universidade Federal de Pernambuco
http://www.ufpe. br/nepe
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